Friday, December 01, 2006

conseguiram me cansar, as datas.


Eu devia ter 7 anos no máximo. Na minha casa não pegava Tv Cultura, pois não tínhamos antena parabólica ainda, o que me fez lembrar de quando meu pai colocou uma lá em casa e da minha carinha de felicidade com o ocorrido.
Na verdade eu tinha um pouco de vergonha de ir na casa dela (eu era bem pouco extrovertida), que era na rua de trás, isso porque muitas vezes eu chegava lá e ela queria brincar. Brincar? Eu não ia para brincar, ou pelo menos essa não era a maior das minhas intenções.
Acho que fiquei foi mal-acostumada, é verdade. E agora penso que ela deve ter percebido. Das primeiras vezes que cheguei na casa dela sempre a encontrei sentada no tapete, comendo alguns biscoitinhos e com os olhos, que não piscavam um segundinho sequer, grudados naquela televisão antiga. Bom, pelo menos ela tinha a tal da antena parabólica, e pegava a Tv Cultura.

Alguém me atendia na porta e mandava eu entrar. Outra porta, uma que dava direto na sala da televisão. Eu ficava parada, olhando a televisão e a minha amiguinha, de mesma idade que eu, esperando que ela olhasse para mim, mandasse eu entrar e sentar no chão do seu lado. Nossa, como ela demorava! Maldita televisão que prende os olhos das criancinhas e não quer mais deixá-los ir.
É, ela demorava, mas enfim levantava e ia até a porta. Dava um sorrisinho e me chamava para sentar com ela, os biscoitos e a televisão. Agora eram dois pares de olhos presos. Os meus e os dela.
E isso foi acontecendo durante tardes e tardes. Às vezes eu dava um tempo, sabe? "Educação mandou lembranças e blablabla." Depois voltava.
O tempo foi passando. Eu chegava lá esperando encontrá-la sentada naquele mesmo tapete, mas encontrava uma menininha querendo brincar. Deus, como é que pode? ELA QUERIA BRINCAR NA HORA DO "SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO!"
Como isso era possível? Era difícil entender. Na verdade eu nunca entendi até hoje, e também não precisa. Éramos crianças, e vocês conhecem as crianças.
Eu, como era de se esperar, voltava para casa meio frustrada esses dias.
Enfim, depois de algum tempo meu pai colocou a parabólica lá em casa e agora eu só ia até a casa dela para brincar mesmo, o que fez com que as minhas idas até lá se tornassem menos frequentes.
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Tá. Agora vou falar a verdade.
Aquela antena parabólica na minha casa não me traz ótimas lembranças. Não traz, porque eu simplesmente parei de assistir o programa. Acho que vi algumas pouquíssimas vezes e parei. Definitivamente. Não tinha mais graça. Nem o programa e nem as minhas tardes.
Creio que o programa era uma desculpa que eu inventava para me enganar. Uma desculpa boba até, uma desculpa que não machuca, não prejudica. Uma desculpa saudável, que eu utilizava para poder ir na casa daquela menininha a maioria das minhas tardes. Mas para quê? Para quê se ela muitas vezes dispensava o programa para brincar?

Eu não sei, sabe? Realmente não sei. Mas bendito seja Monteiro Lobato, benditos sejam aqueles atores, benditos sejam os produtores e diretores daquele programa.


E finalmente: obrigada, Hortência.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

óooh q legal
dashuisdahsduasda
:D

valeeeeu, hortÊncia!
;)

1:48 AM  

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